quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ser bom é sinal de fraqueza? Filosofando com meus botões...



Filosofando com meus botões, tenho pensado muito no assunto. Um tempo atrás li uma frase qual desconheço o autor: “Ser bom é ser fraco, os maus são fortes e não se acovardam”.
Independente de ideologias religiosas ou estigmas de moral, isso reflete a nossa sociedade atual.
Pertenço a uma geração imediatista, mediante aos avanços tecnológicos e a uma cultura descartável, onde o hoje já é passado. Qualquer pessoa pode transmitir informações sem conteúdo e preparo, até mesmo o jornalismo ficou banalizado deixando de fora a obrigatoriedade de uma formação acadêmica.
Vamos com calma não estou diminuindo nenhuma forma de expressão, não sou formada em jornalismo e pertenço a essa geração de forma cronológica. Estou, digamos, deslocada neste contexto; porque tenho muito interesse no passado; sempre tive o habito da leitura; e o gosto por toda manifestação artística.
O passado reflete tudo o que foi construído através do tempo na história tanto para o bem, como para o mal. Certamente até mesmo influencia esses novos conceitos da atualidade, visto que nossos pais foram de uma forma geral receberam uma educação mais repressora e com a sensação de opressão, afrouxando as rédeas com seus futuros filhos, dando-nos asas.
O excesso sempre é prejudicial ao homem tanto para o bem, quanto para o mal. O preconceito, opressão, falta de liberdade são altamente prejudiciais ao desenvolvimento de nossas capacidades intelectuais e sociais. Mas a outra face da moeda também pode ser traiçoeira, anestesia moral e latente procurando de todas as formas, alterar a realidade, impedindo que conheçam a frustração, que os limites e que toda ação gera uma reação.
Há pouco tempo, fui a um shopping e fiquei observando o comportamento de pais e filhos, um garotinho de 4 ou 5 anos, estava a principio convencendo a sua mãe da importância de ganhar um celular. A discussão sobre o assunto foi ficando acalorada,o garotinho até então, com uma argumentação bem consistente para a sua idade cronológica.Joga-se contra ao chão, esperneia ao berros, a mãe constrangida compra o celular a uma criança de no máximo 5 anos de idade.
Mais tarde no mesmo dia vejo em um noticiário, o caso de um jovem rapaz, que pega o seu carro super irado e atira contra outro jovem, Não bastasse isso sai sem prestar socorro, parado por policias negocia propina. Para o azar do jovem o outro não é um pobre coitado, e a noticia alastra-se vertiginosamente, sem ter como fugir do fato, com ajuda dos pais, que não estavam na hora do fato, mas estão a postos a aparar as arestas dos filhos que não podem ser submetidos a nenhuma dor moral.
Quando vi junto aos seus não estava ali um homem que possui carro irado, abusa da velocidade e atropela o semelhante, mas sim o menino do shopping que ganha o seu celular após uma crise manhosa. Em nosso país é um fato que as leis não são para serem cumpridas e sim discutidas. Ser esperto é burlar a lei, o radar, a fila do banco, sonegar imposto, trapacear, mentir, enganar. Jovens da classe média alta na marginalidade, hoje a marginalidade não está mais atrelada a classe social, ou a as necessidades extremas, a desigualdade social.
Confesso que também fui uma criança temperamental, mas meus pais procuravam passar conceitos como: Da mesma forma que eu tenho vontades, direitos, os meus semelhantes também os têm; O que dói em mim dói no outro. Recordo de uma passagem da minha infância, tinha uns 8 anos briguei com minha mãe por motivos tolos, fiquei chateada e disse vou embora daqui, ela respondeu no calor dos fatos: então vá.
Eu arrumei uma mochila, com poucas roupinhas, o meu palhacinho Caetano, um sanduíche com pasta de amendoim e uma fanta uva. Aproveite uma distração da minha babá, e sai porta a fora.
Andei, andei, cheguei até um ponto onde podia avistar a rodovia, olhei para trás e pensei em meu irmãozinho, no papai que escovava meus cabelos toda noite, em minha mãe que era severa, mas lia para mim, contava histórias, levava para as atividades de caridade.
Pensei naquelas crianças, as quais minha mãe dava as minhas roupinhas já apertadas e gastas e brinquedos esquecidos e resolvi voltar para o meu lar.
Mas estava tão cansada, sentei na guia da calçada. Num certo momento meu tio pára o carro e corre em minha direção. Chegando a casa vi nos rostos dos meus pais as lágrimas e um alívio, um abraço apertado, depois minha mãe, mandou tomar banho para jantar e de castigo por uma semana sem TV e um mês sem doces.
Reclamei baixinho, hoje percebo que a vontade dos meus pais naquele momento era cobrir-me de carinho, doces, dariam a própria vida por mim, mas o momento era fazer-me refletir sobre os meus atos.
Errei muitas vezes, acertei poucas, sou boa e não me acovardo ao mal tempo. O bem é a luz que brota das boas ações, isso não é sinal de fraqueza e sim de humanidade, o mal cada vez que é praticado escurece o nosso ser, nos faz homens feitos de cabaça e nos arremete o caos. Não quero impor uma verdade absoluta, estou apenas filosofando com meus botões.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Embriagada de Luz


Espalho retratos pelo chão de estrelas
Mergulho no rio das palavras rasgadas
Brado xingamentos confusos na ira
Recobro o equilíbrio na corda bamba
Inspiro luz
A vida espalhada pelo chão de estrelas
Gritando palavras rasgadas
Aparando as arestas dos retratos difusos
Dos brados confusos da ira
A vida na corda bamba, embriagada de luz.
(poema de Luciana Port-aux)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Minha quadra de ases está próxima...


O ano começou e alguns planos julgados como certo, agora escapam entre os dedos como areia fina. Um sensação de desconforto misturada com alívio invade as idéias tortas preenchidas em folhas de papel reciclado.
Inexplicável! As linhas estavam bem distribuídas, o texto bem formatado com idéias inovadoras e um requinte de detalhes. Hoje a visão do mesmo projeto é o desdém, a insegurança invade cada estrofe, o discurso soa vulgar e até mesmo surreal.
Os planos do ano anterior a pouco transformados em éter, o passado guardado na gaveta com desvelo se faz empoeirado, cansado e por muitos esquecidos.
Lágrimas de insatisfação insistem em brotar a alma temerosa frente ao acaso. Julgava ser possível buscar naquela velha história uma continuação sem sofrer interferências externas.
As portas aparentemente acolhedoras fecham-se todas ao mesmo tempo em frente aos meus sonhos mais caros. Os rostos sorridentes, agora são pedra e ao tocá-las viram pó.
Os caminhos até então verdes de chão batido, agora é tortuoso, cheio de armadilhas. A vida tornou-se um grande tabuleiro de xadrez, e as peças representam cada pessoa antes julgada amiga.
O ano novo revela detalhes de um castelo de cartas, que ao qualquer movimento desmorona, espalhando valetes, reis de espadas, damas de ouro, rainha de copas. O jogo mudou repentinamente, melhor recolher as peças do tabuleiro.
Esse momento preciso guardar a menina no peito, encarar os desafios da realidade bruta e aprender a blefar, usar o raciocínio lógico, não demonstrar meus sentimentos, calcular reações e gestos. Pelo menos durante a batalha de uma concorrência inflexível, burra e temerosa de sua própria falta de capacidade. Trocar o rosa pela a armadura de Jorge, defender-me com seu escudo e atacar com maestria o coração feito de cabaça dos rostos de pedra.
Lavar na fonte da vida o meu espírito de toda amargura e medo, rasgar as folhas de papel reciclado e queimá-las na fogueira das vaidades.
Momento de colocar novas folhas em branco na mesa e buscar no alívio do princípio a sensação do novo desafio, usar da experiência adquirida na queda para fincar a minha bandeira.
Minha quadra de ases está próxima, abram as cortinas para o novo espetáculo, o ano novo já chegou e em breve ficará velho como meus sonhos desfeitos em éter.
(Autoria: phLuciana Porto