sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Essa moça...

Essa filha do ouro.Bela de Oxum tida como A resolvida. A forte. 
Na verdade é uma menina, que ama o amor, o vento e o mar.(Lu Port-aux)
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz assim, feliz
De tardezinha essas menina se namora
Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.(Elis Regina)


Foto arquivo pessoal


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Recordando: Blues, whisky e poesia nas noites quentes de Havana

As horas passam lentas nas noites quentes de Havana
O quarto quase vazio sob a luz da lua e do pequeno abajour
Meus dedos percorrem o teclado procurando inspiração
Blues, whisky e poesia
O suor salgado começa a escorregar da minha nuca
Odor de incenso de mel mesclado ao meu cheiro de rosas
Albert King abafado pelos latidos dos cães na rua vazia
Blues, whisky e poesia
Abro bem as cortinas e encosto no parapeito
Uma viagem ao tempo entre casas coloniais e cadillacs
Um casal bêbado percorre a calçada dançando uma salsa imaginária
Blues, whisky e poesia
Sou beijada pelas noites quentes de Havana
O hálito da noite provoca um torpor,
Com um leve odor de charuto cubano e mojito
Blues, whisky e poesia
O negro da noite toca minha pele branca e enxuga o meu suor
Sopra ao pé do ouvido segredos raros de La Habana Vieja
Solta meus cabelos de sol e beija a minha boca pequena
Blues, whisky e poesia
Danço para a lua, com a boca molhada de whisky
Não estou mais sozinha na noite vazia
A poesia está ali, solta, percorrendo o quarto colonial
Blues, whisky e poesia
Ela fala de paixão, odores, sabores e canções
Os segredos raros de La Habana Vieja
Casais embriagados de poesia nas noites quentes de Havana
Blues, whisky e poesia ( Poesia Lu Port-aux)
Foto Arquivo Pessoal: Projeto En Cena Abajour.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Nua II

                                         Imagem arquivo pessoal: Lu Port-aux
Corpo suspenso no ar
A bailarina flutua
Tão clara como a lua
Cheia de luz e graça
Passeia nos olhos
Cativos do varão
Nua
Acima do bem e do mal
Dança em volta
Do seu prometido
Entoa cantos raros
Bela sereia! Das águas profundas
Entrega-se perdidamente ao seu amante o Tempo.